segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Ratão em Agosto 2013






O Santo António Agosto 2013






O SOL 1 na Regata 2014


Texto de Pedro Alvim Sobre OS BOTES DE SÃO MARTINHO DO PORTO


Navegações antigas e modernas
(…) talvez tenham paciência para ler a meia dúzia de linhas e de curiosidades que tinha pensado dedicar aos velhos botes de São Martinho do Porto, desses que se podem ver nas fotografias, com a suas belas velas brancas e a sua simplicidade intemporal.
Lembram-se deles? Pois, contra ventos, e marés, e o mais que seria de esperar, os botes persistem - e vão-se até renovando.
Embarcação miúda vulgar em toda a costa portuguesa até, pelo menos, meados do séc. XX, com um comprimento habitual entre ao 4 e os 6 metros, um peso normalmente rondando a meia tonelada, e variadas designações, uma das quais canoa, como se diz de Lisboa a Cascais, o bote, como é ainda hoje conhecido na zona de São Martinho do Porto, era o barco dos pescadores.
Com maior ou menor fundamento, sempre ouvi contar que muitas caravelas e, mais tarde, naus, como as da carreira da Índia, tinham sido construídas nos estaleiros da baía, com madeira do pinhal de Leiria que, de facto, nasce praticamente ali.
Sabe-se, realmente, que no passado a baía ocupava ainda uma área diferente e bem maior do que a actual, estendendo-se para o interior até à zona de Alfeizerão, com dois portos distintos – o de São Martinho, que dependia do D. Abade de Alcobaça, e o de Salir, do lado de Óbidos, que era da Casa da Rainha.
Com um nível de assoreamento provavelmente também bem diferente do que hoje conhecemos, e num tempo em que mesmo os navios de alto bordo não tinham dimensões nem calado comparáveis aos dos nossos dias, não custa a perceber que a baía constituísse então um abrigado estaleiro natural, com excelentes condições para o exercício e para o desenvolvimento dessa actividade.
Dadas as devidas proporções, os botes são hoje uma modesta remeniscência - mas uma verdadeira remeniscência – das antigas caravelas; e uma fiel memória da antiga arte de construção naval portuguesa.
Com eles e por eles se conserva simultaneamente, em muitos aspectos, a essência de uma verdadeira arte de navegação, que nos permite ter ainda hoje uma noção clara, e bastante precisa, do alcance da inovação e da importância do contributo dos Portugueses nesses domínios.
Neste contexto justifica-se aliás que chamemos aqui a atenção para um facto incontornável que passa demasiadas vezes despercebido: as caravelas dos descobrimentos não só constituem, em certo sentido, uma “invenção” portuguesa - resultado de um esforço sistemático de recolha e apuramento de todo o saber naval do passado e das múltiplas inovações por nós introduzidas - como marcam uma fronteira decisiva entre o que poderíamos chamar a navegação antiga e a navegação moderna.
Nem as embarcações gregas, nem as galés romanas, nem os drakkars da Escandinávia, nem a generalidade dos navios da Europa medieval conheciam a possibilidade de bolinar (numa tradução talvez demasiado simplista, navegar “contra” ou tão na direcção do o vento quanto possível) - as galés da antiguidade, como os navios da Idade Média, velejavam ou com vento de popa ou com vento de través; e, em qualquer caso, com a força de legiões de escravos remadores, com todas as limitações daí decorrentes.
Ora, as caravelas portuguesas, representando como que uma síntese inovadora, já marcadamente renascentista, que reuniu, a par do saber clássico, todo o saber mediterrânico, designadamente o árabe, mas também o da nossa própria experiência de navegação, foram concebidas, e apuradas, em grande medida, para bolinar.
Foi essa percursora capacidade, optimizada com cascos progressivamente mais elaborados, que determinou a flexibilidade, a rapidez e a autonomia das caravelas e que, no limite, tornou possível a gesta dos Descobrimentos portugueses. Não sem dificuldades, como se imagina.
Hoje, quem quiser saber – sentir - o que era o bolinar duma caravela, também na perspectiva das dificuldades que isso representa, basta que tente bolinar num bote – uma verdadeira caravela em ponto pequeno - e logo verá. O mesmo se diga para virar de bordo ou, pior ainda, para cambar em roda, debaixo de vento fresco.
Devo dizer, a propósito, que foram precisamente as dificuldades das bolinas nos botes que me permitiram perceber com clareza a verdadeira razão porque os nossos navegadores, descendo pela costa de África em direcção ao Sul, ao atingir o golfo da Guiné, agora com ventos adversos pela proa e obrigados à bolina, se foram afastando da direcção do vento, cada vez mais, até chegarem...ao Brasil.
Essas mesmas dificuldades explicam os grandes afastamentos da costa no percurso Sul-Norte, que se tornariam verdadeiras rotas marítimas cartografadas – caso da “Volta da Mina”, da “Volta da Guiné” e, passando já pelos Açores, da célebre “Volta do Largo”.
De facto, nas caravelas, como nos botes, os andamentos à bolina eram e são lentos - e raramente compensam bordos bem mais longos, mas muito mais rápidos, ao largo, isto é, com o vento soprando de través, ou à popa.
Terão existido estaleiros navais fixos na praia de São Martinho do Porto até ao final do séc. XIX, porventura até aos primeiros anos do séc. XX; mas a construção, geralmente no cais, manteve-se até aos nossos dias. Não me esquecem as horas perdidas a ver trabalhar, com enorme perícia, o Manuel Surdo, um homenzarrão bonzanas, calado, que fazia jus ao nome quanto ao ouvido e tinha sido, salvo erro, da tripulação do Salva-Vidas.
Tinha fama, e proveito, de ser dos melhores carpinteiros navais de S. Martinho; os botes que construía, e que constrói ainda hoje o Mestre António Júnior, da vizinha Nazaré – escolhido entre todos para reproduzir os escaleres da fragata “D. Fernando e Glória”, hoje ancorada e visitável no Tejo, em Lisboa - não tinham, nem têm, está bem de ver, nem luxos nem fantasias; mas conservavam intactas as puras linhas antigas, e proverbiais qualidades de navegação.
Há que lembrar aqui também o velho Roque carpinteiro, que conheci já só com um dente e muito marreco. Enquanto colocava uma quilha nova e em vão tentava calafetar o tabuado podre do velho “São Domingos”, contou-me a mim o memorável episódio da encomenda de um bote que recebeu de alguém de Cascais, por volta de 1930, com a condição de que o mesmo lhe fosse entregue – lá, em Cascais.
Furada à última da hora a parceria que tinha combinado com um primo demasiado guloso, e que queria receber mais pela ajuda, o nosso Roque não se intimidou, nem hesitou: ao cair da noite, uma noite de Junho, mansa e com lua cheia, com um pão de quilo, um chouriço e uma garrafa de vinho tinto, fez-se ao mar, sózinho, no bote por si construído.
Aportou sem sobressalto à baía de Cascais no dia seguinte, ainda de manhã. Se tinha tido medo? Disse-me que sim, que tinha tido, e que não tinha sido pouco, porque o mar tinha crescido de madrugada. Mas a encomenda era bem paga e o dinheiro muito preciso – havia pois que entregar o bote e receber o pagamento. Bem merecido, acrescento eu.
Encomendados por pescadores de modestíssimos recursos, os botes levavam normalmente o cavername e a quilha em pinho manso e o tabuado em pinho bravo, ali mesmo do pinhal; e contava-se como uma grande extravagância que alguns, maiores, no passado, chegavam a ter a quilha ou, quando muito, parte dela – o “coral” da proa - em carvalho.
Com uma tripulação variável de quatro ou cinco homens - as mais das vezes quatro homens, um deles o dono do barco, os restantes membros da mesma família, e frequentemente um rapaz, que ia de aprendiz - sob o peso das redes e as demais artes de pesca, do mastro, da verga e da vela de pano, todas as madrugadas os botes saíam a barra, lentamente, a remos, com a vela enrolada à verga, rumo a Norte, em direcção à Nazaré, e tantas vezes muito mais além, ou pelo contrário, para Sul, em direcção à Foz do Arelho e a Peniche, em busca do melhor pesqueiro.
Recolhidas as redes ao fim do longo dia de pesca, ainda mais afundados com o peso do pescado se a faina tivesse corrido bem, era então içada a verga, desenrolado o pano e caçada a vela para os que vinham do Sul, à bolina, em direcção à barra e o horizonte enchia-se de velas dos que vinham à popa, dos lados da Nazaré.
Carregadíssimos, com mais peso e mais tripulação do que deviam, não seria muito mais do que um palmo, vá lá palmo e meio, a distância da água à borda. Pouco, muito pouco, mesmo para um dia de mar chão.
E só quem nunca entrou ou saiu a barra de São Martinho pode pensar que ali o mar possa estar mesmo chão. Poder, poder, pode, mas é bem raro.
Quase certo é estar a vaga cavada, e com força, nessa passagem, sempre abrupta, das águas calmas da baía para as águas fundas e escuras do lado de lá da barra, que por ironia se faz então mais pequena, dando a impressão que se está sempre perto demais das rochas, balançando sob o rumor surdo da rebentação.
Sempre me impressionaram os relatos dos naufrágios na barra; creio que não conheci uma única família de pescadores de São Martinho, do saudoso Meca ao Joaquim Bruxo - esse sábio bom, doutorado em cabos, nós, voltas e laçadas, lente de mar e de vela, meu velho mestre e querido amigo de sempre - que não tivesse ali deixado um, e por vezes mais do que um dos seus naquele mar.
E custa a crer que, em pleno séc. XX, tão tarde como os anos 40, 50, persistisse o ritual de tragédia que se vivia em terra e no mar nos dias de temporal: todos os sinos tocando a rebate na igreja e nas capelas das redondezas; a sirene uivando; as mulheres dos pescadores, todas vestidas de preto, à nazarena, rezando de joelhos, desesperadas, na capelinha de Santo António, mesmo por cima da barra, tentando reconhecer o bote vindo do largo, aproximando-se por entre vagas alterosas, pedindo pela salvação do marido e dos filhos.
O Salva-Vidas, a remos, com os homens, voluntários, alguns banhistas (!) (um deles o António Portugal (São Cosme), que muitos de nós conhecemos), atados aos bancos com correias de lona, para que não caíssem e se perdessem quando o barco, um sempre-em-pé, se virava de pernas para o ar com a violência das ondas (!) – tentando dar coragem aos pescadores, tentando acompanhar.
E o desfecho, inexorável, como uma verdadeira tragédia grega - com o silêncio e as lágrimas de alegria quando o bote entrava a salvo; ou com a morte quase certa para uma tripulação que raramente sabia nadar, se o barco naufragava.
Todos os que assistiram emudecidos a essas cenas – e tanto o meu Pai como a minha Mãe assistiram a elas mais de uma vez, em pequenos, com os seus Pais e Avós e as poucas famílias de banhistas desse tempo - não esquecerão mais os gritos, as pragas e as blasfémias proferidas pelas mulheres dos náufragos, enlouquecidas, arrancando os cabelos e apedrejando as imagens de Nossa Senhora e dos Santos – cenas de um passado primitivo e doloroso, absurdamente próximo, que faz pensar quanta verdade contém a Mensagem:
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
(...)”
Fernando Pessoa, Mensagem, 1934


E voltemos rapidamente aos botes, que disso se trata.
Parece que a partir dos anos de 1915, 1920, uma colónia de banhistas, populares, passou a acostar à zona de Salir, para passar “a época” - os meses de Verão. Modernos para o tempo, traziam barcos para passear e para se entreterem. Eram do Seixal, uma zona ribeirinha, também com grandes tradições náuticas. Tinham botes, do mesmo tipo dos de São Martinho, mas porque não eram pescadores, podiam dar-se ao luxo de exibir panos bem maiores, de regata.
E conta a tradição que até os banhistas de São Martinho ganharem para o susto e conseguirem preparar-se para a competição, levaram grandes “bigodes” dos seixalenses.
Terá sido a partir dessa época que os botes terão entrado na moda. Progressivamente abandonados como barcos de pesca, até pelo advento dos motores, os banhistas foram comprando os botes aos pescadores, quando não os mandavam fazer de novo, com mais miúdos requisitos, melhores madeiras e outros cuidados. E sobretudo com pano maior, o que significava mais andamento; e mais viragens, mais mastros quebrados, mais vergas partidas, claro.
Mas isso, para os banhistas, que andavam normalmente dentro e não fora da baía, por desporto e não para ganhar o pão, tinha naturalmente um significado muito diferente. E os seixalenses não se ficaram a rir por muito tempo.
O pano – de algodão - era comprado na antiga fábrica de Fervença, em Alcobaça, hoje fechada, e os botes mais bem aparelhados tinham supostamente três velas: uma para o dia-a-dia, uma para vento e outra, mais fina, e ainda maior, para a regata do 15 de Agosto, que se realiza até hoje.
As velas, aparentemente triangulares – mas realmente quadrangulares, que na amura são cortadas para que a proa do bote as não rasgue – eram molhadas previamente na peça (para que encolhessem antes de feitas) e só depois “talhadas” em função das dimensões da verga (quase sempre em eucalipto) e do mastro (quase sempre em pinho), ou seja, das dimensões do bote.
Deixou fama o Zé Maria Cabo-do-Mar, que chegava a talhar pano em plena Rua dos Cafés, à noite, esticando-o no alcatrão, com pregos. Talhado o pano, era então cosido, com as suas longas costuras verticais, e só depois “entralhado” (era assim mesmo que eles diziam; a operação consistia em coser solidamente à vela, no sentido longitudinal, o cabo que encostava à verga e onde eram fixados os “envergos”, isto é, os cabos com que, com dois nós direitos, se fixava uma à outra).
Um dos primeiros botes de encomenda foi certamente o “Andorinha”. Mandado fazer na Nazaré, foi o presente de anos que o meu bisavô João de Saldanha ofereceu ao filho mais velho, João António, no dia dos seus 16 anos, precisamente no ano de 1916.
Nele fui iniciado nas artes náuticas, com os meus irmãos e primos, sob o comando de um grande timoneiro da baía, e profundo conhecedor dos botes, para quem nem uma destas linhas é novidade – o meu primo João Vicente, com quem ainda no Verão
passado tive o gosto de bordejar, num bote, evidentemente - e a quem deixo aqui um abraço grato pela paciência com que nos aturava, por quanto nos ensinou e, pela parte que me toca, pelo gosto que me passou.
Outro barco célebre desse tempo foi o “Audaz”. A tradição conta que era originalmente uma baleeira, de tábua trincada, e com duas proas, de um navio naufragado algures, não sei se em Peniche se na Nazaré, e que tinha acabado por ser posto em praça.
Teria então sido arrematada por um capitão da marinha mercante, reformado e que vivia em São Martinho com a sua família – o Capitão Pinto - que se entreteve a adaptar a baleeira a bote, cortando-lhe uma das proas, aumentando-lhe a quilha, “inventando” uma engenhosa colocação do mastro, ao lado e não ao centro do respectivo banco, de tudo resultando, se não um bote, que em termos rigorosos não era, um verdadeiro campeão de regatas, que deixou fama e trouxe glória à família Rebelo Pinto.
De notar que nos anos de 1940, 1950, as regatas envolviam trinta, quarenta, talvez mais barcos, entre os que pertenciam aos pescadores e aos banhistas. Nessa altura, já muitas das famílias de banhistas tinham o seu bote – e a competente “chavasca” (chata) de serviço, normalmente pintada com as mesmas cores, que ficava na praia, virada ao contrário, em frente da barraca da família. Eram, claro, outros tempos em que tudo estava sempre muito arranjadinho e muito arrumadinho – incluindo barcos de Verão, como se vê. E em que as barracas eram, evidentemente, poucas...
De muitos outros botes de São Martinho do Porto ficou a fama. Lembro apenas alguns, sem qualquer desprimor para os que esqueço sem querer: os frequentes vencedores mais antigos, o “Má-Cara”, o “Trindade”, o “Josemélia” (um dos mais antigos, da família Veiga, de São Martinho).
Os diversos “São Romeu” que foi havendo sempre ao longo do tempo (lembro-me de andar num em pequeno, com quilha curta, e que por isso rolava muito e virava mal), o “Santo António” (muito fraco para vela mas bom de remos), o “Argos” (dos Grangers, que tinha a cruz de Cristo pintada na vela).
O “Cinco Reis” uma imponente obra do Manel Surdo, em impecável estado de conservação, mas com um pano velhote, pertença do nosso caro consócio João Lopes Branco - que ultimamente tem feito gazeta. É que dá trabalho pôr um bote na água, e muito mais aparelhá-lo...
O óptimo “Sol I”, mandado fazer pela família Raposo de Magalhães e depois comprado e há muitos anos cuidado pela família Neto, digo, pelo Carlos Ahrens Teixeira, e pelo seu filho Luís, um belo bote, com umas linhas lindas, em boa hora regressado à vela, depois de anos de obscuro desaparecimento.
O “Restelo”, originariamente de pescadores, depois dos Linos, que mais tarde o venderam ao meu Pai e ao Eduardo Birin por...750$00 escudos, em 1959, passando então a... “S. Domingos”, que já velho e flibusteiro, metendo água como um cesto, naufragou literalmente sob os meus pés, no Verão de 1978, para não mais flutuar.
O “São Cristovão”, um bote pequeno, com uma vela ainda mais pequena, mas castiço e infatigável, que navegava todos os dias, de manhã à noite, da família Parente, aliás Mendes Godinho, cujos muitos irmãos rivalizavam em afición náutica e se revezavam sem cessar na cana do leme.
A partir dos anos 60 aparece um outro novo campeão de regatas – o “Ratão – da família Eliseu, um belo bote, muito bem concebido, desenhado e construído – curiosamente não em São Martinho, onde sempre esteve, mas em Oeiras – e que reunia o melhor da tradição antiga e moderna e que dura até hoje, impecavelmente mantido, conservado e navegando.
Chegados aos inícios dos anos 80, já em plena e monótona ditadura do plástico, da fibra de vidro e dos cabos sintéticos, chegavam também ao fim dos seus dias os velhos botes originais.
Graças a Deus, porém, os botes persistiriam por via das réplicas, que começaram justamente a aparecer por essa altura: o velho e glorioso “Andorinha” que exibia a áurea, rara, de nunca se haver virado, recolheu dignamente ao Museu da Nazaré e deu lugar a uma cópia absolutamente fiel, porventura não tão pesada como o original, assim iniciando um movimento que ainda não cessou e que se deve em grande medida ao saber e à arte do Mestre António Luís Júnior, da Nazaré, de quem já atrás se falou, e a quem gostaria de deixar aqui, com amizade, uma palavra não só de gratidão mas também de homenagem.
Outro caso foi o do novo “Audaz”, herdeiro, sucessor e homónimo do campeoníssimo – outra cópia totalmente fiel no desenho e pequenas diferenças na construção - a tábua já não é trincada e a madeira, teca, é bem mais exótica; foi mandado fazer pela família Pinto Ravara e alguns anos mais tarde doado ao Clube Náutico de São Martinho, que está agora mesmo a tratar de lhe dar pano novo.
Outro ainda, que me toca de mais perto, foi o novo “São Domingos”, que o meu Pai mandou fazer com entusiasmo a partir do casco desfeito do célebre “Má Cara” que por todo o lado havia procurado e finalmente descoberto, perdido, numa cocheira em Alfeizerão (o “Má Cara” era o dono e parece que merecia a alcunha, mas não posso garantir, porque já não o conheci).
Com um belo casco, mas com a vela desaparecida e as proporções esquecidas, obrigou-nos a várias tentativas, esforçadas mas frustradas, de reconstituição. Desde há dois anos ganhou finalmente vela nova, talhada em computador (!) num programa informático inglês (!) pesando um avo das velhas velas de pano; foi talhada por Mestre bem português, do Barreiro, com avô materno campino e paterno fragateiro... uma síntese feliz, que não deu qualquer hipótese à concorrência, ganhando quase todas as regatas em que entrou (certo, com esta vela foram só duas ou três; ok, uma delas teve mesmo muito poucos botes; mas não é menos certo que as ganhou...podem exibir-se troféus comprovativos, se for caso disso).
Uma palavra ainda para a chegada – para ficar – de novos timoneiros, de grande afición, simpatia e valor – estou a pensar no João Coimbra, oriundo do mar plácido dos campos da Golegã, que nos brindou com um autêntico vaso de guerra, aparelhado à maneira dos botes, e cujo nome - “Forte e Feio” - deixa antever o tipo de linhas com que se cose.
E ainda o “São Martinho” pequeno bote pós-modernista, com linhas muito clássicas, ainda do séc. XIX, mas com casco...em fibra de vidro, pertença também de Coimbras, estes netos da D. Fausta.
E do bote “Nossa Senhora dos Navegantes”, que ultimamente não tem ido à água, mas esperamos volte. E tantos outros.
Haveria – há – ainda muitos episódios para contar, histórias de regatas para lembrar, mas basta já de prosa: as fotografias dizem mais e dizem certamente melhor. Quem quiser dar uma volta, na segunda semana de Agosto, basta aparecer: o convite aqui fica feito, com um abraço amigo do
Pedro Maria de Alvim
Lisboa, Junho de 2006


Regata Botes a Remos 2013

Santo António Com as Suas Lindas Cores

À Espera dos Passageiros

O Forte e Feio com Vento de Alheta


Ao Sabor do Vento Com Um lindo Fundo

O S. Domingos Com a Sua Vela de Algodão

O S. Domingos, Pedro Alvim com a sua vela de algodão

Ratão ao Virar na Boia


Manuel Godinho na regata 2013

Aleixo no Seu Melhor



No Passado Era Assim







AUDAZ na regata

Manuel Cary aos comandos

O Inicio da Recuperação

 



Estava um pouco em mau estado, houve necessidade de substituir: Balizas, reforços de cavernas e todos os braços de caverna,  foram reforçados  nas obras mortas, bancos, paneiros e painel de poupa e aparece sempre uns extras.
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Tudo isto foi feito de segunda a sexta 14h/dia durante 45 dias.

O regresso de DENEB





O DENEB depois de 30 anos fora de água.